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O Cara Carioca desenho de Naura Timm
Publicado em Crônicas Di-Versos
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A bailarina pegou no pé do Cara

Queria ser manchete, brilhar, ser capa, queria tanto aparecer que ele deu no pé.

O artista plástico também encheu o saco do Cara.
Era um artesão sem talento, mas se achava o rei da cocada preta, que era deus do pós-modernismo brega. Achou tanto que o Carioca logo concluiu que era hora de cair fora.

O campeão de luta livre grudou nele. Cismou que era poderoso no gancho de direita. Jurou que era infalível, implorou patrocínio... E um beijinho, diziam as más línguas.

O Cara nem precisou dar um basta. O campeão amarelou, fugiu do ringue, uma semana antes da luta do século, na capital do brejo.

Na repartição, os puxa-sacos quebraram a cara. Não puxaram o suficiente, foram parar no olho da rua.

Na passarela, a magrela levou um susto. Caiu do salto, de saia justa. Tombo feio, sob flashes e flechas de olhares invejosos.

O Carioca foi a pedra no caminho. Não pediu o teste do sofá para o qual havia ensaiado tanto.

A magrela estava insegura quanto à gostosura de sua perereca.

A menina só queria namorar. Mas a rapidinha foi tão ligeira, que ela ficou chupando o dedo.

Carinha sem-graça.

A mocinha que escrevia versos e gostava de vestidinhos azuis só queria chupar. Porém, o Cara teve medo de ser engolido por tanta paixão e vazou.


Na verdade, estava de quatro pela princesinha, a filha do delegado. Mas ela – a patricinha da roça – estava louca por um vaqueiro do Arizona, nem reparou.

Aí todos iam para a praça, depois da missa de domingo: a bailarina, o artista plástico, o campeão, os bajuladores, a magrelinha, a menina e a mocinha.

Trocavam palpites e concluíam:
– Ô, que Cara besta. Parece que ele não achou as palavras, nem o jeitinho pra lidar com nóis. Só esse sotaque de xis chinfrim quando abre a boca e ainda por cima ruinzinho de cama.

Quem sabe se aparecesse em cena com movimentos suaves, assumisse que é gay – brincou a bailarina.

– Talvez se botasse luz nas ideias, estudasse um pouco ou fumasse uma maconha que prestasse – concluiu o artista-artesão bidu.
– Quem sabe se ele abrisse a guarda, assumisse que é bi – conjecturou o pensativo lutador.

Em coro, os puxa-sacos da repartição fofocaram: “Se o tal poderoso ficou de quatro pela zarolha é porque é um quadrúpede mesmo”.


A magrelinha e a mocinha dos versos concordaram. Depois, suspiraram lentamente ao lembrarem o quanto era gostoso transar naquela posição.

Adoravam sexo anal.

Nada disso o Cara babaca reparou.

Voltou para o Rio de Janeiro, queixando-se da ingenuidade dos caipiras.

 

 

*Esta crônica  faz parte do livro "As Novas Histórias de Amor", de Nádia Timm.

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