Em conjunto com o pesquisador irlandês, William C. Campbell, Omura descobriu uma nova droga chamada avermectina, que reduz radicalmente a incidência de oncocercose (doença causada pelo verme Onchocerca volvulus) e de filaríase linfática (infecção que leva o paciente a ter elefantíase, causada por vermes do gênero Filarioidea). O prêmio também foi concedido para uma terceira cientista, a chinesa YouYou Tu, que desenvolveu uma nova terapia contra a malária.
"Hoje tive uma grande alegria: saber que nosso colaborador no Japão, o professor Satoshi Omura, foi um dos ganhadores do Nobel de Medicina deste ano. Prêmio mais que merecido e esperado há anos!", comemorou o diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), Carlos Morel.
Em 2012, Omura e Morel publicaram conjuntamente um artigo que marcava o 25º aniversário da doação de um outro medicamento, o ivermectina, usado com o objetivo de eliminar a transmissão da oncocercose nas Américas. A droga foi descoberta, em 1979, pelo próprio Satoshi Omura, que é pesquisador do Instituto Kitasato, no Japão, em uma colaboração com a empresa Merck, Sharpe e Dohme.
Aprovada para uso em humanos em 1988, a ivermectina ainda tem papel essencial no controle e erradicação da infecção por filarias e, atualmente, está sendo empregada em dois programas mundiais de eliminação de doenças.
O artigo de Omura e Morel, que pode ser lido aqui, faz uma avaliação da oncocercose de sua descoberta até os dias de hoje e realiza a previsão de que, até 2025, a doença terá sido eliminada como problema de saúde pública em boa parte do mundo (com exceção de países da África subsaariana).
Atualmente, o Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz Minas) também apresenta uma colaboração ativa com Omura relacionada ao teste de compostos da droga ivermectina, que já curou a oncocercose em milhões pacientes em todo o mundo.
A descoberta de Omura do medicamento avermectina, que lhe rendeu o prêmio Nobel, abre novas frentes para o combate à oncocercose. O papel de Omura na descoberta da avermectina se deu a partir da expertise que o cientista tem em cultivar bactérias do solo. Ao criar milhares de culturas do gênero Streptomyces, ele conseguiu identificar várias delas que produziam substâncias tóxicas para outros organismos.
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias