Valbene Bezerra
Adaptação e direção de Marcos Fayad, Cara-de-bronze é baseado no conto de Guimarães Rosa, extraído do livro Corpo de Baile, publicado há 60 anos. A história se passa em um único dia dentro de um curral de ajunta de bois. Dez vaqueiros conversam sobre o dono da fazenda, o tal Cara-de-bronze, homem poderoso e sábio como Deus, escuro e feio como o diabo, fisionomia dura, áspera. Um enigma para todos que trabalham para ele.
Toda a encenação é pontuada pela música do violeiro e cantador Roberto Corrêa, responsável também pela direção musical. “Cara-de-bronze é uma obra que inspira, desperta e transforma os que entram em contato com a beleza, o tema e a linguagem de Guimarães Rosa”, afirma o diretor.
Foram seis meses de preparação para que Cara-de-bronze ganhasse o palco. Intensa pesquisa sobre o universo roseano foi realizada, desde o linguajar característico do autor até o sertão poético e violento, misterioso e intrigante. Fayad também empreendeu viagens pelos rincões de fazendas e o cerrado de Goiás para melhor conhecer o universo do autor. “A linguagem de João Guimarães Rosa não será facilitada para melhor compreensão dos que não a conhecem, porque foi a partir da linguagem original, muito musical, quase um idioma próprio, é que se construiu o espetáculo”, explica Fayad.
A dedicação exclusiva de diretor e atores nesse período resultou em uma grande produção. “Durante o processo de ensaios “pisamos em ovos” um bom tempo até vislumbrar o interior do sertão e caminhar em direção a ele, mundão fascinante, forjado na nossa história. Trabalhamos mergulhados nele porque o sertão nos envolve, mesmo que nenhum de nós o habite particularmente. O sertão está em toda parte”, destaca o diretor, sublinhado as palavras do criador de Cara-de-bronze.
Toda a ação do espetáculo se passa no curral de bois, que foi desenhado pelo próprio diretor, com o auxílio do marceneiro Elisemar Alves. Confeccionado em tecidos rústicos e couro, o figurino remete às figuras míticas do sertão goiano e mineiro. Para criá-los, Fayad contou com a assessoria de Bia Castro.
Encenar a obra do autor de Grande Sertão: Veredas era um sonho antigo do diretor da Cia. Teatral Martim Cererê. Em 1999, ele dirigiu o mesmo texto. Devido as dificuldades de patrocínio, fez apenas três apresentações no Teatro Goiânia. Desta vez, pretende ficar mais tempo em cartaz. Depois do Teatro SESI, o grupo fará outras três sessões no Teatro Goiânia.
ELENCO E FICHA TÉCNICA
Espetáculo: Cara-de-bronze
Texto: João Guimarães Rosa
Adaptação e direção: Marcos Fayad
Cenário e Figurinos : Marcos Fayad
- Colomira – Karla Araujo
-Vaqueiro GRIVO – Newton Murce
-Vaqueiro CICICA- Gerhard Sullivan
-Vaqueiro ADINO – Edimar Pereira
Vaqueiro MAINARTE – André Larô
Vaqueiro ZAZO – Saulo Dallago
Vaqueiro Mudinho – Tiago Barreto
Vaqueiro TADEU – Danilo Alencar
Vaqueiro SACRAMENTO – Tarik Hermano
Vaqueiro DOIM – Tarcisio Peris
Violeiro Denis Malaquias
Músicas e Direção Musical: violeiro Roberto Corrêa
Produção Executiva: Um homem
Programação Visual: Josemar Callefi
FOTOS: CORALIA ELIA
Espetáculo: Cara-de-bronze
Texto: João Guimarães Rosa
Adaptação e direção: Marcos Fayad
Elenco: Cia. Teatral Martim Cererê
Dia: 9 a 11 de junho (quinta a sábado)
Horário: 21 horas
Local: Teatro SESI (Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva. Telefone: 3269-0800), Goiânia, Goiás, Brasil
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Estudantes, idosos acima de 60 anos e industriários mediante comprovação pagam meia entrada.