De acordo com dados do IBGE, existem cerca de seis milhões de brasileiros que tem deficiência visual, mas não são cegos e, sim, possuem baixa visão.
Mesmo com uma capacidade de enxergar muito reduzida, essas pessoas utilizam sua visão em diferentes tarefas do dia a dia, porém, algumas situações, como usar filas ou assentos preferenciais, geram desconfiança, desconforto e constrangimento.
Para esclarecer a sociedade sobre esta condição, foi desenvolvido o “Movimento Bengala Verde”, que cresce no Brasil e na América Latina.
Impulsionado pelo Grupo Retina São Paulo e apoiado por importantes instituições da área da deficiência visual, como a Organização Nacional de Cegos do Brasil e a Laramara – Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual, o movimento atingiu uma mobilização nacional sem precedentes. Por isso, a utilização da bengala na cor verde tem o objetivo de identificar as pessoas com baixa visão, além de ser um recurso importante para a mobilidade, autonomia e inclusão social destas pessoas.
Segundo Nelma Meo, especialista em Orientação e Mobilidade, a Bengala Verde trouxe uma mobilização importante para as pessoas com baixa visão.
“Existem inúmeras experiências vivenciadas por estas pessoas na busca de autonomia, independência e inserção social, nem todas agradáveis, pois a sociedade ainda não as reconhecesse como parte de um grupo de pessoas com deficiência visual. Inclusive, existe uma concepção errônea de que somente as pessoas com cegueira é que usam a bengala longa.
Muitas pessoas com baixa visão precisam deste recurso para uma orientação e mobilidade segura”, explica.
Como diferenciar pessoas com baixa visão:
A pessoa com baixa visão, deficiência visual leve ou moderada é aquela que apresenta, após tratamento ou correção óptica, diminuição de sua função visual e tem valores de acuidade ou campo visual muito reduzidos, porém usam ou são potencialmente capazes de utilizar a visão para o planejamento ou execução de uma tarefa.
Dentre o grupo de indivíduos nessa condição, há variações: alguns conseguem ler um texto com letras ampliadas; outros necessitam se aproximar muito do texto para conseguir ler; alguns detectam apenas grandes formas; outros tem dificuldade com cores ou contrastes, enfim, diferentes possibilidades e necessidades. Além disso, essas pessoas podem utilizar o computador com ampliadores de tela, por exemplo, e, dependendo do grau residual de visão, também acabam utilizando os softwares leitores de tela e os recursos de alto contraste.
Movimento Bengala Verde
O projeto foi criado em 1996 pela professora de educação especial Perla Mayo, que atua em Buenos Aires, na Argentina.
No Brasil, desde 2014, a Bengala Verde é difundida após uma grande mobilização nas redes sociais, com a participação em conselhos de pessoas com deficiência, eventos, feiras e aproximação com grandes instituições, entre elas, a Associação Laramara, o Coletivo Bengala Verde e a Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), que representa 86 entidades espalhadas por todo o território nacional.
O projeto também existe na Nicarágua, Colômbia, Paraguai, México, Equador, Bolívia, Costa Rica, Venezuela e Uruguai.
Laramara
Em 27 anos de existência, a Laramara ganhou reconhecimento nacional e internacional por seus projetos voltados ao desenvolvimento de crianças, jovens, adultos e idosos com deficiência visual no Brasil e na América Latina.
Nesse período, atendeu a mais de 11 mil famílias, oferecendo apoio no processo de autonomia e independência e nas atividades cotidianas. Também é referência na luta pela inclusão e participação social dessa importante parcela da população. Para apoiar os projetos da Laramara, basta entrar em contato pelo site www.laramara.org.br ou pelo telefone (11) 3660-6412.