Ana Paula Mota
Com o apoio do SESC e o patrocínio da Petrobras Cultural, a temporada acontece logo após o grupo voltar de dezenas de apresentações Brasil afora, pelo Palco Giratório do SESC.
Ao completar duas décadas de atividades, o grupo, que tem origem em Goiânia, só tem motivos para comemorar.
Pitoresca é o trabalho que sela uma trilogia chamada “Goyaz”. Um trabalho de investigação cênica que tem como objetivo olhar de forma crítica e poética para a formação do nosso estado de Goiás. Este último espetáculo da série tem a direção de Hélio Fróes. Os outros trabalhos foram Plural (2012) e Gato Negro (2013).
Para além desta importante tarefa, a Nu Escuro também comemora suas mais recentes conquistas, como a parceria da Petrobras Cultural e o sua participação no projeto Palco Giratório do SESC nacional.
Este último garantiu que a Companhia se apresentasse em mais de 20 cidades brasileiras, levando a obra teatral produzida em Goiás, e fazendo um intercâmbio com grupos e artistas de todo o Brasil, por meio de oficinas e encontros.
PITORESCA
O nome já garante que esse espetáculo seja bastante imaginoso. Para falar de uma história da formação do povo brasileiro, a Nu Escuro se apropriou de elementos de cena, de cenários, de figurinos, que recriam um universo caótico e anacrônico. O processo de montagem contou com a contribuição de nomes como Júlio Adrião, Luciana Caetano, Duda Paiva e Adriano Bittar.
Os textos, editados a partir de relatos e diários dos viajantes estrangeiros que visitaram o Brasil dos séculos XV ao XIX, parecem dialogar perfeitamente com esse ambiente impregnado de uma pós-modernidade vibrante e ao mesmo tempo mórbida. Um vídeo-mapping se mistura a peças plásticas, que garantem uma poluição visual digna dos tempos modernos.
De luzes coloridas e vibrantes surgem objetos de cena que demonstram as práticas dos personagens históricos em suas épocas, mas que são objetos próprios do século XXI (como no caso de uma raquete mata-mosca).
Em certa altura, carcaças de animais silvestres feitas de bambu se transformam em máscaras. Frutas são metaforicamente transformadas em populações indígenas, e a mágica de um Anhanguera surge de uma garrafa de Coca-Cola. O figurino em malhas neon é outro elemento que surpreende, mas que garante que os jogos de cena se completem. A música original, executada ao vivo pelos atores, foi criada em parceria com a cantora e compositora Cristiane Perné, e com arranjos percussivos de Abílio Carrascal.
E como fio condutor de toda essa narrativa, um elemento que não poderia faltar, e que já se transformou em marca da Nu Escuro, a presença dos bonecos é ao mesmo tempo delicada e visceral. São eles que administram grande parte do enredo. O principal deles é a boneca de uma índia velha e grávida, que observa essa história do Brasil por mais de 400 anos.
Ela presencia a formação das identidades brasileiras que foram construídas a partir dos olhares estrangeiros. Relatos de cientistas e artistas europeus, autobiografia de um africano escravizado, livros de viagens de piratas aventureiros que passaram pelo Brasil forjam um caleidoscópio quase psicodélico de olhares no alvorecer da globalização, que escancaram as contradições do nosso mundo moderno.
Cia de teatro Nu Escuro
A Cia de teatro Nu Escuro, de Goiânia, Goiás, é um grupo de atores/ encenadores que trabalham juntos desde 1996, desenvolvendo uma estética própria, que tem suas vertentes mais fortes na investigação da dramaturgia, na música executada ao vivo pelo elenco e nas construções poéticas desenvolvidas com o teatro de animação. No ano de 2013, a Cia Nu Escuro foi contemplada com o patrocínio Petrobras de manutenção de grupo (2014-2016)
Ficha Técnica
Elenco: Adriana Brito, Eliana Santos, Izabela Nascente, Lázaro Tuim, Liomar Veloso
Direção e dramaturgia: Hélio Fróes - Colaboração na dramaturgia: Abilio Carrascal e Izabela Nascente. - Consultoria em encenação: Julio Adrião - Preparação Corporal: Luciana Caetano
Coreografia: Luciana Caetano e Duda Paiva - Workshop Viewpoints: Fernanda Pimenta
Direção de Arte e cenografia: Benedito Ferreira - Assistente de Arte: Wilma Morais
Figurino: Rita Alves - Adereços e cenotecnia: Wagner Gonzalves - Iluminação: Junior de Oliveira
Bonecos: Izabela Nascente, Guilherme Oliveira e Marcos Marrom - Máscaras: Marcos Lotufo
Orientação em manipulação de bonecos: Duda Paiva e Adriano Bittar
Músicas: Cristiane Perné, Hélio Fróes, Izabela Nascente e Rui Bordalo - Arranjos percussivos: Abílio Carrascal - Narração off: Rui Bordalo
Direção de Vídeo: Benedito Ferreira - Produção e edição de Vídeo: Maurélio Toscano (Semáforo Audiovisual) - Projeção Mapeada: Lina Lopes
Preparação Vocal: Patrícia Mello - Fotografias: Layza Vasconcelos (Oficina de Photos)
Produção: Luana Otto e Bruno Garajau (Balaio Produções)
Assistentes de Produção: Valmir Filho, Danilo Viera Fernandes e Larissa Bueno.
Coordenador técnico do Projeto: Marcelo Carneiro (Arte Brasil)
Coordenação do Projeto: Lázaro Tuim e Hélio Fróes
Cia de Teatro NU ESCURO apresenta PITORESCA
01, 02 e 03 de dezembro (3ª a 5ª feira), às 20 horas
Teatro SESC Centro ( Rua 15, esquina com a rua 19, Centro, Goiânia, Goiás )
(62) 3933-1714 ou 3933-1711
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)