Cinthia Jardim
Em seleção feita pelo Professor Samuel Lago, amigo pessoal do escritor, A Fisgada da Saudade provoca reflexão e comoção
“Tenho estado a me perguntar: como ensinar a compaixão? De que vale o conhecimento sem compaixão? Somente o conhecimento com compaixão cria a bondade. E uma sociedade onde não exista a bondade não é digna de que vivamos nela. Como a nossa, em que a bondade foi espremida nos cantos e as ruas se encheram de medo”.
Amigo pessoal e também grande admirador de Rubem Alves, o Professor Samuel Ramos Lago descobriu como lidar com a saudade que sentia do camarada, que faleceu em julho de 2014. A solução foi escolher as melhores crônicas de Alves já publicadas na Folha de São Paulo e na revista Educação em uma só obra, que ganhou um nome muito apropriado para um livro envolvente de um autor querido: A Fisgada da Saudade.
Este também é o título de um dos 24 textos reunidos no livro, que está sendo lançado pela Editora Nossa Cultura. Nesta crônica, Alves reflete sobre a existência de sentimentos como a saudade, que, assim como Deus, não pode ser vista ou tocada, embora o ser humano possa sentir e constatar que existe.
Todo este conteúdo selecionado por Lago mostra o ponto de vista sensível e crítico do amigo Rubem – que foi psicanalista, teólogo e educador –
a partir de pequenas observações que ele fazia do cotidiano ou das pessoas ao redor.
Ao longo da vida, Rubem explorou diferentes assuntos em suas crônicas. Entre as mais emotivas, destaca-se “As duas caixas” que traz um Rubem instável, estudando seu próprio desempenho como escritor e intelectual formador de opinião. O autor causa comoção também quando fala sobre o convívio entre família e o contato com crianças na experiência como educador.
O livro compreende também pensamentos mais complexos de Rubem sobre história, política e sociedade, em textos que ainda são atuais e provocam reflexão no leitor. Quem conheceu o inspirador escritor brasileiro pelo título “O melhor de Rubem Alves”, da mesma editora, vai adorar matar a saudade com a leitura de A Fisgada da Saudade.
A revisora informou delicadamente que era norma do jornal que todas as “estórias” deveriam ser grafadas como “histórias”. Assim os gramáticos decidiram e escreveram nos dicionários.
Respondi, também delicadamente: “Comigo não. Quando escrevo ‘estória’, quero dizer ‘estória’. Quando escrevo ‘história’, quero dizer ‘história’. Estória e história são tão diferentes quanto camelos e beija-flores…
Ficha técnica
ISBN: 978-85-8066-149-1
Editora: Editora Nossa Cultura
Autor: Rubem Alves
Organização: Prof. Samuel Lago
Preço: 19,00
Quem é o autor: Rubem Alves será para sempre um dos mais respeitados intelectuais do Brasil. Mineiro de Boa Esperança nasceu em 1933. Foi pedagogo, filósofo (com doutorado na Universidade de Princeton, EUA), teólogo, professor emérito da Unicamp, acadêmico da Academia Campinense de Letras, cronista do cotidiano e contador de estórias. Faleceu em 19 de julho de 2014.
Quem é o organizador: O professor, educador e biólogo Samuel Ramos Lago nasceu em 8 de maio de 1941, em Lins, estado de São Paulo.
Tem um histórico de vida que dispensa apresentações: 40 anos consagrados ao ensino e à criação de obras didáticas que, pelo seu pioneirismo e concepção inovadora, abriram novas perspectivas pedagógicas não só no ensino de Ciências e Biologia como em outras áreas. Ama a educação.
- Sócio-fundador da Sociedade Educacional Positivo (Curitiba) em 1972.
- Fundador da Editora Lago – janeiro, 1996.
- Sócio-fundador da Editora Nossa Cultura – fevereiro, 2005.