Para celebrar a data, mostras simultâneas com obras dos artistas Cildo Meireles, Alfredo Jaar e Beto Shwafaty, além de uma mostra de filmes e uma retrospectiva de exposições que marcaram a casa
No imponente solar neoclássico encomendado por D. João VI para abrigar a primeira Praça do Comércio da cidade funciona, desde 1990, uma instituição que abriga múltiplas funções culturais, a Casa França-Brasil, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura (SEC). Para celebrar seus 25 anos de atividade, o espaço apresenta, a partir deste sábado (15/08), CFB: 25 anos, que conta com cinco mostras simultâneas.
As mostras, idealizadas pelo curador Pablo León de la Barra, reunem trabalhos individuais dos artistas Cildo Meireles, Alfredo Jaar e Beto Shwafaty; os filmes Canoas (2010), de Tamar Guimarães; Superfícies vibráteis (2005), de Manon de Boer, e Bete & Deise (2012), de Wendelien van Oldenborgh, e um espaço de convivência onde o público terá acesso a uma seleção de documentos de exposições realizadas desde o início da CFB, em curadoria conjunta com Natália Quinderé. "Quis criar cinco projetos para celebrar esses 25 anos, ocupando toda a Casa, e imaginar qual o papel que uma instituição cultural no Rio pode ter hoje em dia", diz Barra.
O espaço do Cofre vai ser ocupado com dezesseis obras de Cildo Meireles sobre a moeda brasileira, em uma pequena retrospectiva das séries Zero Cruzeiro (1974), em que o artista, como observa o curador, "questiona o valor do dinheiro"; Inserções em Circuitos Ideológicos (a partir da década de 1970), que "demonstra como os indivíduos podem interferir na economia, na política e na ideologia" e, ainda, Projeto Cédula (1970-2015).
Do artista chileno Alfredo Jaar, que vive em Nova York desde 1982, Barra optou pelo letreiro Cultura = Capital (2012-2015), que ficará suspenso a 3,5 metros do chão, no espaço central. "Para Jaar, arte e cultura constituem um espaço de resistência e desempenham um papel fundamental em nossas vidas políticas diárias. Ele reconhece que cultura não é apenas um fator de desenvolvimento econômico, mas uma necessidade básica e indispensável para o progresso social. Invertendo a equação, sem cultura não existe capital", comenta.
Instalação, filmes e jornal
A primeira sala lateral abriga a instalação Remediações (2010-2014), de Beto Shwafaty, que discute criticamente o projeto nacional brasileiro e sua transposição para os campos da cultura visual, desde o final do século XIX até os tempos atuais, passando pelo modernismo e pelo regime militar. Para isso, o artista criou um ambiente com móveis, vitrines em acrílico, painéis com treliças, fotografias e intervenções feitas sobre material impresso, como cartazes, e um monitor de televisão onde é exibido em looping uma videocolagem de dez minutos, no qual o Brasil turístico é intercalado por cenas do personagem Zé Carioca, criado por Walt Disney, uma fala do geógrafo Milton Santos sobre o legado colonial, e, ainda, cenas de Terra em Transe, de Glauber Rocha. Para o curador, a instalação "cria uma tensão entre desejo e realidade".
Na segunda sala lateral, o público pode assistir aos filmes selecionados por Barra, que serão exibidos em diferentes momentos: Canoas, de 15 a 27 de agosto, no qual é encenado um coquetel que reúne a alta burguesia na casa modernista projetada por Oscar Niemeyer (Casa das Canoas); Superfícies Vibráteis, de 28 de agosto a 9 de setembro, que dá voz às memórias pessoais da psicanalista brasileira Suely Rolnik, e Bete & Deise, de 10 a 20 de setembro, que apresenta um encontro entre duas mulheres em um canteiro de obras no Rio de Janeiro: a atriz Bete Mendes e a cantora de funk Deise Tigrona.
Completa a exposição um jornal em formato tabloide, com tiragem de cinco mil exemplares e distribuição gratuita aos visitantes. A publicação terá textos de Pablo León de la Barra, Natália Quinderé e do músico e do arquiteto Guilherme Wisnik.
Terça-feira a domingo, das 10h às 20h
Casa França-Brasil - Rua Visconde de Itaboraí, 78, Centro, Rio de Janeiro
De 15.08.2015 a 20.09.2015
Telefone: (21) 2332-5120