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Noivos de Chagall Obra de Lazar Chagall
Publicado em Crônicas Di-Versos
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quero amanhecer contigo

sentindo tuas canções
abrirem meu olhos
para as cores imersas no mundo
esquecer o cinza
desta esquina
no coração da máquina

abrir os olhos
seguir sonhando
persigo tua boca
engole minha língua serpente lasciva
mordo o sol da tua garganta
mergulho
em frestas
em rios
caminhos de sangue, lágrima, esperma
cios do corpo amado

quero entardecer contigo
sentindo teu olhar
e abrir meu coração
para as coisas do mundo real
esquecer o avesso,
o templo submerso
onde anestesio a alma
e renego as dores do mundo

abro os braços
e a paixão não cabe
pressinto teus dedos

no espelho gelado
brilham garras
tocam meu rosto
[ e não ferem ,
delicados véus,
transparências
chuva ]

quero amar o tempo medido,
o ritmo humano
o instante da espera
Farei um poema nesta tarde fria,
entregarei palavras ensolaradas

azul e amarelo
escorrendo pelas ruas

te ofereço
meu gemido
sem agonia
passos passos passos / lá fora
e aqui, deste lado,
no coração desta mulher tão só
tua imagem é poesia
absurdo poema bêbado
ciranda de estrelas
vertigem e vôo

quero morrer contigo
sentindo a noite
o mistério de nossos gozos perenes
abrir meu corpo

para teu corpo
maior-melhor que o mundo
faminto de coisas

no ventre giram galáxias
olho fixo na tela
explodindo quereres

e depois?

depois flutuaremos sobre todas as cidades
figuras de um sonho de Chagall


Este poema faz parte do livro Poesia Disponível para Aventuras, de Nádia Timm

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Última modificação em Segunda, 20 Junho 2016 21:02
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